quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Um velho corpo de alma jovem.

A senhora se enfeita e se apruma,
Vê-se ali apenas a bruma da jovem espirituosa,
Que se esvai a cada cintilo de tempo,
O calor dos anos a fez aprender o frio da vida.
O que é esse passar, que faz do tempo
Prisão insípida da volúpia do espírito,
Que triste é o destino, esse,
Que faz as alvoradas mais curtas;
As lembranças mais vagas;
E os suspiros mais laboriosos. 
Ah! Aqueles antigos suspiros!

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Cabelos alvos, pele rija, semblante febril,
A mulher o segue sem saber ao certo,
Que o caminhar de firme nada tem,
Não ser a certeza da finitude de sua estrada.
Fechou o rosto. Assim aprendeu toda a vida,
Dos problemas. Enfrenta-los de semblante turvo;
Mas o que seria a existência se não o nosso problema, à priori.
Fechou o rosto à vida, vindo a sorrir apenas para morte;
Que triste sorte é a cegueira de um amor sombrio,
Que faz do vazio, nossa única vontade.

 Prates, f.